Os topónimos apresentados pelo consulente são acompanhados de artigo: «o Fundão» e «a Póvoa de Atalaia». O facto de o Fundão ser uma cidade e a Póvoa de Atalaia ser uma localidade mais pequena em nada interfere no uso de artigo.
Segundo a Gramática do Português Contemporâneo (Celso Cunha e Lindley Cintra, 2003, p. 225), há um «grande número de nomes próprios que exigem obrigatoriamente o acompanhamento de artigo definido». Isto acontece devido a diversos fatores, sendo aquele que nos interessa, neste caso específico, o «de ser o nome próprio originariamente um nome comum, constituído com o artigo» (idem) – ex.: «O Porto» (cidade) – «o porto» (dos barcos).
Pegando nos exemplos em questão, verificamos que Fundão é um topónimo que deriva do adjetivo fundão (grau aumentativo do adjetivo fundo; cf. dicionário da Porto Editora, em linha); que Póvoa deriva de póvoa – «pequena povoação; povoado, vilarejo» (ibidem); e Atalaia é outro topónimo, resultante da conversão de atalaia, «torre ou lugar de vigia em situação elevada» (ibidem)1. Sendo assim, Fundão e Póvoa devem ser usados com artigo definido, seguindo o critério de Celso Cunha e Lindley Cintra, acima transcrito. No entanto, ao consultarmos o sítio da Câmara Municipal do Fundão, na Internet, verificamos que a Póvoa de Atalaia é referida como «Póvoa de Atalaia» – sem artigo, tanto Póvoa como Atalaia –, na expressão «Junta de Freguesia de Póvoa de Atalaia e Atalaia do Campo», sem levar em conta o critério de Cunha e Cintra. Supomos que este uso decorre de um uso administrativo que tende a omitir o artigo definido em referência às designações de órgãos autáquicos e circunscrições administrativas. É de recordar que os topónimos têm sempre entrada sem artigo definido nos artigos enciclopédicos escritos em português.
1 Outros exemplos semelhantes: «sou da Póvoa de Varzim», «sou da Póvoa de Santa Iria», etc.