Um modificador do nome com preposição: «lampejos ocasionais sem sentido»
Na frase «são lampejos ocasionais sem sentido», o constituinte «sem sentido» desempenha a função de modificador?
Obrigada pelo apoio.
Na frase «são lampejos ocasionais sem sentido», o constituinte «sem sentido» desempenha a função de modificador?
Obrigada pelo apoio.
Sim, o constituinte «sem sentido» desempenha a função sintática de modificador restritivo do nome «lampejos»: para além de serem «lampejos» «sem sentido», são também «ocasionais», o que significa que, nesta frase, existem dois modificadores – um de natureza adjetival e outro de natureza preposicional – que restringem o sentido do nome «lampejos».
Os modificadores do nome introduzem «propriedades adicionais na denotação de um nome»2, dando-lhe maior precisão. Como sabemos, o modificador restritivo do nome pode assumir a forma de:
(1) São lampejos [ocasionais].
(2) São lampejos [sem sentido].
(3) São lampejos [que me perturbam].
Em (3), a oração classifica-se como subordinada adjetiva relativa, com a função sintática de modificador restritivo do nome «lampejos».
Na frase em análise, conjugam-se dois modificadores restritivos do nome: um de natureza adjetival («ocasionais») com um de natureza preposicional («sem sentido»). Seria possível, na mesma frase, conjugar um de natureza adjetival com um de natureza oracional:
(4) São lampejos [ocasionais] [que me perturbam].
Ou conjugar um modificador restritivo do nome de natureza preposicional com um de natureza oracional:
(5) São lampejos [sem sentido] [que me perturbam].
As preposições com e sem são consideradas, por RAPOSO e XAVIER (2013)1, «simétricas, uma de polo positivo (com) e outra de polo negativo (sem), ou de «copresença/ausência», em sintagmas nominais «como pão com/sem manteiga, café com/sem açúcar» (Ibidem, p. 1557).
1 Vide Rita Veloso (2013). Subordinação Relativa. In Raposo, Eduardo Buzaglo Paiva; Nascimento, Maria Fernanda Bacelar do; Mota, Maria Antónia Coelho da; Segura, Luísa; Mendes, Amália. Gramática do Português (Volume II, Capítulo 39, pp. 2085-2090). Fundação Calouste Gulbenkian.
2 Vide Eduardo Raposo e Matilde Miguel (2013). Introdução ao Sintagma Nominal. In Raposo, Eduardo Buzaglo Paiva; Nascimento, Maria Fernanda Bacelar do; Mota, Maria Antónia Coelho da; Segura, Luísa; Mendes, Amália. Gramática do Português (Volume I, Capítulo 20, p. 717). Fundação Calouste Gulbenkian.