Segundo o português padrão de Portugal, a grafia correcta destas duas cidades de Angola, capitais das respectivas províncias com o mesmo nome, é Uíje (com j) e Malange (com g). Foi sempre assim no tempo colonial. Sucede que, com o advento da independência, o português escrito (e falado) em Angola foi sofrendo uma maior influência da línguas bantas. No caso em apreço, do quimbundo. E em quimbundo – ou kimbundu, no original – os sons correspondem sempre às letras. Ou seja, o som do g é sempre /guê/. E nunca /jê/, idêntico ao da letra j, como acontece com o português de Portugal e do Brasil (onde até há palavras, como massagem e massajar, viagem e viajem, do verbo viajar, com a mesma origem etimológica mas sob representação fonética distinta). Ora aí está uma saudável uniformidade que o abortado Acordo Ortográfico podia ter resolvido... A começar em Angola onde se vê escrito indiferenciadamente Uíje/Uíge e Malanje/Malange (e o mesmo em relação aos vocábulos iniciados por qu ou por kw, como quanza/kwanza, Cuíto/Kwito/Kuito, etc.).