«Texto epistolar» é designação vaga, e vasta, de três casos principais: a epístola, ou carta, em verso; as cartas em prosa; e o romance por cartas, ou epistolar. No primeiro caso, pensamos logo na Epístola aos Pisões (ad Pisones), mais conhecida por Arte Poética, de Horácio, esquema usado no classicismo português por António Ferreira, Sá de Miranda, etc., e, já entre os árcades, por Filinto Elísio, ou, no séc. XIX, nas Cartas de Eco e Narciso, de Castilho. Geralmente, servem-se no verso decassilábico. Modernamente, sob outras métricas, encontramos cartas sobre os assuntos mais variados, e menos sobre questões de poética. No segundo caso, desde as cartas em prosa de Camões, temos uma infinidade de autores, resumidos em A Epistolografia em Portugal, 1965, de Andrée C. Rocha; mas, para lá de missivas normais, convém indicar as de carácter literário, como as de D. Francisco Manuel de Melo ou do Cavaleiro de Oliveira (ambas Cartas Familiares), as Cartas de Vieira, a Correspondência de Eça, etc. Enfim, o romance epistolar é, sobretudo, uma conquista seiscentista: são conhecidas as Lettres Portugaises (1669) ou, hoje, o esencial da ficção de Almeida Faria, que funciona por cartas. No Brasil, seria preciso citar nomes oitocentistas, cuja correspondência interessa: Machado de Assis, Alencar, José Veríssimo, Salvador de Mendonça, Afrânio Peixoto, Joaquim Nabuco, Aloísio Azevedo, Capristano de Abreu, Mário de Andrade e Manuel Bandeira, etc.