Considera-se que a supressão da preposição de, que introduz um complemento de verbo, substantivo ou adjectivo participial, não é um erro tão grave como a sua adição. Assim, aceita-se melhor (1) do que (2), como se mostra a seguir (o ? indica aceitabiidade duvidosa, e o *, agramaticalidade):
(1) ?«Convenci-me que tinha deixado recado.»
(2) *«Penso de que deixei recado.»
João Andrade Peres e Telmo Móia (Áreas Críticas da Língua Portuguesa, Lisboa, Editorial Caminho, 2003, pág. 111) comentam a supressão do que chamam preposições argumentais deste modo:
«O tipo de supressão de preposições argumentais [geralmente de] [...] corresponde a um fenómeno bastante difundido [..], que muitos dicionários e gramáticas registam, que encontramos em muitos dos nossos melhores autores e que aprece ser aceite por grande parte dos falantes. Assim sendo, e dado que o nosso principal critério para ajuizar da gramaticalidade de uma estrutura é precisamente a sua aceitação por parte dos falantes, não consideramos as estuturas em causa malformadas ou agramaticais, embora prefiramos aquelas em que não houve supressão.»
Os mesmo autores observam ainda: «Entre os verbos que mais favorecem a supressão conta-se gostar.» (pág. 113).
Em casos de adição de preposição Peres e Móia são peremptórios (pág. 139):
«[...] o verbo unário constar1 [...] é obrigatoriamente não presposcioado:
(480) Consta que vai haver alguns despedimentos na empresa.
(481) *Consta de que vai haver alguns despedimentos na empresa.
(482) Consta isso.
(483) *Consta disso.»
1 Um verbo unário corresponde a um verbo intransitivo e é um verbo de um lugar, ou seja, é um verbo que requer apenas um termo para construir uma predicação. Assim, em «o Augusto adormeceu», temos um verbo unário, adormecer, que se combina apeans com um termo, a expressão «o Augusto», com a função sintáctica de sujeito.