O facto de não saber o nível da prova que fez (ensino básico/primário, ensino secundário, ensino médio?) poderá implicar que a resposta seja inadequada. Se for o caso, o Ciberdúvidas estará ao seu dispor para esclarecimentos suplementares.
Complementos circunstanciais
Considera-se que uma frase tem elementos essenciais (sujeito e predicado mais seus complementos — complemento directo, indirecto, oblíquo, agente da passiva e predicativo do sujeito) e elementos complementares ou acessórios que podem estar presentes ou não. Estes elementos acessórios têm, na gramática tradicional, a designação genérica de complementos circunstanciais e são agrupados segundo o sentido que veiculam. Muitos destes sentidos estão identificados nas gramáticas, sobretudo os que, de alguma forma, correspondem à classificação dos advérbios. Outros decorrem muitas vezes da interpretação individual. Terá sido essa a interpretação que foi dada quando se atribui a «de cenoura» um valor de conteúdo.
Análise da frase «Esta sopa é de cenoura»
Esta frase tem apenas os elementos essenciais. Ou seja, não há, na frase, nada que se possa retirar sem que ela fique incompleta. Ou seja, não há, na frase, um complemento circunstancial no verdadeiro sentido do termo. Na prática, e em rigor, não temos nesta frase complementos circunstanciais. No entanto, na gramática tradicional dá-se muitas vezes essa designação a complementos iniciados por preposição como é o caso deste. Esses complementos, embora sejam de presença obrigatória, são designados complementos circunstanciais.
Quais são então os elementos essenciais desta frase? Em qualquer frase, os elementos essenciais são dois: sujeito e predicado. A designação de predicado é, por vezes, na gramática tradicional, atribuída apenas ao verbo. No entanto, como os complementos que se associam ao verbo, são consequência directa das suas características (ser transitivo ou não, ser copulativo ou não…), a prática mais comum é, hoje, associar os complementos ao verbo.
Seguindo a linha de análise que foi seguida pelo seu professor, a frase tem a seguinte estrutura:
A — Sujeito — «a sopa»
Predicado — «é»
Complemento circunstancial — «de cenoura». Este complemento poderá ter valor de conteúdo, com sentido de «contém cenoura». Poderá ainda ser-lhe atribuído o valor de matéria, com sentido de «feita de…», ou outros que agora não vislumbro.
Seguindo a estrutura que é mais comum, teremos (é esta que encontra com maior frequência no Ciberdúvidas):
B — Sujeito — a sopa
Predicado — é de cenoura
Complemento circunstancial (de matéria, de conteúdo…) — de cenoura
Não acabam, porém, aqui, as hipóteses de análise desta frase. Antes de mais, se o complemento não é acessório, deveria ser designado complemento oblíquo, uma vez que é introduzido por uma preposição e não desempenha a função de complemento indirecto.
C — Sujeito — «a sopa»
Predicado — «é de cenoura»
Complemento oblíquo — «de cenoura»
Por outro lado, há muitos gramáticos que consideram que um verbo copulativo o é sempre, ou seja, que pede sempre um predicativo do sujeito. Ora, isto implica que os elementos colocados à direita do verbo sejam, quase sempre, predicativo do sujeito, independentemente da estrutura que tenham (nomes, adjectivos, advérbios, etc.):
D — sujeito — «a sopa»
Predicado — «é de cenoura»
Predicativo do sujeito — «de cenoura».