A palavra revolução, como muitas outras, pode ser utilizada em diversos contextos, com diferentes significados.
Em certos contextos científicos (por exemplo, na área da astronomia ou da mecânica), ela é, efetivamente, utilizada nessa aceção de algo que volta ao ponto de partida: em astronomia, designa o movimento completo que um corpo celeste executa ao percorrer a sua órbita em torno de outro ou em volta do centro de gravidade do sistema; em mecânica, significa o giro completo de uma roda, do eixo de um motor ou de qualquer peça giratória.
No entanto, como é óbvio, o facto de algo voltar ao ponto de partida não significa que «fique igual».
Isto, em contextos de natureza científica. No entanto, a palavra tem outras aceções, já presentes no latim, de onde é originária (revolutio, revolutionis), e que passaram, naturalmente, para o português, ou que adquiriu ao longo dos tempos.
Assim, em latim, a palavra designava a passagem sucessiva de um corpo a outro e o volver do tempo. Quer numa aceção quer na outra, estava presente a noção de alteração, de mudança.
O sentido moderno de revolução como «sublevação» ou «revolta» (já registado em dicionários portugueses no século XIX) vem-nos do francês révolution.
Em suma, as palavras são muitas vezes polissémicas, não são propriedade exclusiva de determinadas áreas do saber e vão adquirindo significações novas e legítimas ao longo dos tempos.