Pode ser como sugere, por contacto com o castelhano, mas a tendência para regularizar por analogia as segundas pessoas do pretérito perfeito parece ter constituído um pequeno fenómeno de área linguística, muito vivo nas línguas e nos dialectos ibero-romances do Centro e do Ocidente da Península Ibérica. Ou seja, a sua sugestão tem todo o cabimento na explicação das variantes em causa mediante o contacto de falantes de português europeu com falantes de castelhano. Contudo, pode também ser enquadrada pela relativa facilidade de comunicação entre as regiões ibéricas até ao século XVII, situação que favorecia a difusão de inovações linguísticas mesmo em zonas mais afastadas das fronteiras entre reinos. As formas analógicas da segunda pessoa do plural podem, portanto, constituir um testemunho dessa variação do português num antigo contexto linguístico mais vasto.