O Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, regista unicamente a forma (singular) Dobadoura para o topónimo de Paços de Ferreira, assim como a forma plural Dobadouras em Monte das Dobadouras, Odemira.
Estes topónimos derivam do nome/substantivo comum dobadoura «[dobrar + -doura], aparelho giratório onde se enfiam as lãs, ou outros têxteis, para serem enoveladas ou dobadas» (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, 2010).
Trata-se, portanto, de topónimos — tal como alguns antropónimos — cuja origem é «alusiva a instrumentos de trabalho, utensílios e matérias-primas» (J. Leite de Vasconcelos, Antroponímia Portuguesa, Lisboa, Imprensa Nacional, 1928) que identificavam certos locais.
Não encontrámos nestas obras específicas registo da rua que nos indica (em São Brás de Alportel), mas a forma gráfica da placa toponímica (decerto antiga), em que ocorre u (em vez do o), deve tratar-se de um caso em que o seu autor não dominava a ortografia e procurou representar o som proferido de forma mais simples.
Não podemos esquecer-nos de que, apesar das indicações que havia do Tratado de Ortografia (Coimbra, Atlântida, 1947) de que «se deve fazer rigorosa distinção entre o e u em sílaba átona» (p. 116), a mesma obra não deixa de assinalar, também, que se «admite a coexistência de uma forma com o em sílaba átona e de uma variante na mesma sílaba, quando elas não são casos de duplicidade gráfica, mas variantes fonéticas, justificadas pela evolução [...], o que acontece, por exemplo, com as formas ortiga e urtiga» (idem, p. 121).