As aspas têm sido usadas, desde 1871, como um sinal gráfico que delimita uma citação, um título de obra, uma denominação comercial ou para realçar certas palavras ou expressões empregues em sentido figurado. A partir deste último uso, surgiu na oralidade a expressão entre aspas, que muitas vezes é acompanhada de um gesto com os dedos indicadores flectidos. Existem outros casos de símbolos e usos próprios da escrita que passaram para a oralidade. Quando empregamos as frases «isto é um grande ponto de interrogação» ou «consideras-me incompetente ponto e vírgula» (com o sentido de não concordar com o que foi dito), por exemplo. Por isso, não se pode dizer que seja um fenómeno anómalo.
É um facto que existem muitas outras formas de realçar, linguisticamente, certos vocábulos ou expressões de uma frase. Aliás, em geral, os ouvintes são perfeitamente capazes de distinguir entre o sentido literal e o sentido figurado de uma palavra, pelo que a expressão «entre aspas» acaba por tornar-se muitas vezes redundante.