A classificação de expressões como «por isso», «por conseguinte», etc. tem vindo a levantar problemas aos gramáticos ao longo dos tempos. Disso mesmo dá conta Evanildo Bechara, na sua Moderna Gramática Portuguesa, quando chama a expressões deste tipo «unidades adverbiais que não são conjunções coordenativas». Diz o autor que a tradição gramatical as classifica como conjunções coordenativas, mas que assim não deveria ser (e já outros eméritos gramáticos não o faziam) porque estas expressões «marcam relações textuais e não desempenham o papel conector das conjunções coordenativas».
Prova-o o facto de poderem ocorrer com conjunções, como nesta frase encontrada no Livro do Desassossego de Fernando Pessoa:
«... uma vaga doença, que se não materializa em dor e por isso tende a espiritualizar-se em fim...»
O e é a conjunção que une as orações, ao passo que «por isso» estabelece a relação semântica com o que foi dito.
São estes argumentos que levam a que actualmente se classifique este tipo de expressão como conectores discursivos. Quanto ao seu valor, «por isso» pode ter valor explicativo ou conclusivo.