É verdade que a palavra computador já se encontrava dicionarizada, antes de os computadores se terem vulgarizado. No entanto, a palavra era aplicada a seres humanos e não a máquinas. Quem consulte o Novo Dicionário da Língua Portuguesa (3.ª edição), de Cândido de Figueiredo, verá que aí a acepção é formulada como se houvesse o pressuposto de que o termo se aplica a um ser humano, uma vez que recorre ao demonstrativo aquele e não aquilo, este, sim, o demonstrativo que se aplica a coisas: «Aquelle que faz cômputos, que calcula.»
O termo “computer” em inglês também remonta ao latim, mas com uma nova significação, «máquina destinada ao processamento de dados» (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa). Por conseguinte, houve uma ligeira mudança de significado da palavra computador por influência do inglês. Margarita Correia e Lúcia San Payo de Lemos (Inovação Lexical em Português, pág. 54) referem os fenómenos de reutilização de palavras (já existentes) e adaptação semântica. Penso que computador estará entre os dois, porque, por um lado, se trata de uma palavra já existente que adquiriu uma nova significação e, por outro, essa nova significação foi motivada pela existência do termo inglês “computer”.