A Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra descreve o caso em que um sujeito denota quantidade aproximada, sem explicitar o seu estatuto morfossintáctico. Nesta construção, o sujeito «é formado de número plural precedido das expressões cerca de, mais de, menos de e similares [...]». Quando Cunha e Cintra escrevem a palavra «similares», parece possível incluir na expressão da quantidade aproximada o emprego de entre em sequências como a apresentada pelo consulente. Contudo, em «estiveram aqui entre 40 e 50 pessoas», o sujeito é constituído por um grupo nominal, cujo núcleo é um nome, «pessoas». Este é modificado por um grupo preposicional («entre 40 e 50 pessoas») cujo núcleo é a preposição entre. Por outro lado, nesta construção, entre mostra ter alguma afinidade semântica com cerca de, mais de e menos de. Note-se ainda que o valor de entre neste contexto não é propriamente locativo como é o destes outros empregos: «Andorra fica entre a França e a Espanha»; «entre as árvores, vê-se uma cabana». De qualquer modo, reconheço que se trata de uma questão que arrasta outras, como seja a da descrição de aproximadamente, em frases do tipo de «aproximadamente 500 pessoas ocupavam a sala», em que temos já não uma preposição ou uma locução prepositiva, mas um advérbio (aproximadamente) a modificar um grupo nominal («grupo nominal»).