DÚVIDAS

Siglas e acrónimos

A tradução de acrónimos usados em ciência (onde o inglês desempenha o mesmo papel que o latim desempenhou) é um erro, pois o grande número destes leva a confusões desnecessárias; p. ex. ATP e TPA, sendo o 1.º o acrónimo para trifosfato de adenosina (adenosine triphosphate) e o 2.º para activador tecidual do plasminogénio (tissue plasminogen activator); o resultado é a troca em português de duas moléculas completamente diferentes.

O meu reparo deve-se à vossa sugestão de uso de ADN em vez de DNA, que tem sido bastante usado pela comunicação social e público em geral. Para além do que referi acima, limita a pesquisa na Internet, não permitindo encontrar as páginas com melhor informação.

No entanto, LASER (em vez de ALEER) sendo também um acrónimo, parece ser bem aceite no Ciberdúvidas... E mais, numa área relativamente nova como a informática, seria o caos a tradução de acrónimos de extensões de ficheiros como "jpeg" (Joint Photographic Experts Group) ou "pdf" (Portable Document Format).

Resposta

Num mundo globalizado, cada vez mais se recomendam siglas internacionalmente estabelecidas. Não faz sentido adaptar siglas que estão generalizadas na linguagem técnica, pois corremos o risco de baralhar essa linguagem e até de não sermos entendidos.

Concordo consigo. Devemos proteger a língua da adulteração da sua índole, mas sem pruridos conservadores, que nos dificultem a comunicação na Aldeia Global. Aliás, nas nossas normas ortográficas em vigor (e no novo acordo), essa abertura está consagrada em casos especiais: «Devem-se manter acentos e letras originais nas palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros».

Pessoalmente, prefiro NATO a OTAN, DNA a ADN, etc.

Já o mesmo não digo das reduções que entraram no léxico como legítimas palavras da língua e se podem escrever em minúsculas, às quais eu chamo então acrónimos (as siglas, sempre escritas com as letras todas maiúsculas, são para mim siglemas quando formam palavras [ex.: PALOP], e siglóides, quando soletradas letra a letra [BCP]). São acrónimos no léxico, por exemplo: óvni, sida, sonar.

No entanto, se tivesse de me referir à sida num texto não confinado ao país, escreveria mesmo AIDS (sigla até usual no Brasil).

Termos do novo acordo para Portugal: sigloides.

Ao seu dispor,

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa