A expressão «seja como for», no excerto sugerido pelo consulente, redigido originalmente pelo professor José Mattoso, apresenta o mesmo valor semântico, por exemplo, da locução «De qualquer forma» («De qualquer forma, Afonso Henriques, ao proteger os eremitas, devia apreciar vivamente o seu fervor»), sendo genericamente imune ao tempo verbal imposto pelo enunciado.
Já a expressão «fosse como fosse», apesar de poder igualmente ser substituída pela locução referida («De qualquer forma...») apresenta uma vinculação temporal muito mais estanque, visto que, em princípio, se deverá aplicar apenas a enunciados marcados por tempos verbais pretéritos, ex. (*/? = agramatical ou marginal):
«Seja como for, ele não devia ter saído de casa.»
«Fosse como fosse, ele não devia ter saído de casa.»
«Seja como for, ele não deve sair de casa.»
*/? «Fosse como fosse, ele não deve sair de casa.»
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