Segundo o Dicionário Houaiss, a palavra safado, que está na base de safadinho, tem as seguintes acepções:
I. como adjectivo: «1 gasto ou inutilizado pelo uso»; «2 que perdeu nitidez; apagado, desbotado»; «3 arrastado, afastado de lugar onde corria perigo»; «4 Regionalismo: Sul do Brasil, Rio de Janeiro. muito zangado; enraivecido, danado, irado»; «5 Regionalismo: Rio de Janeiro. travesso, traquinas»
II. como adjectivo e substantivo masculino: «6 Uso: informal. que ou o que não tem vergonha de seus atos censuráveis; descarado, desavergonhado, cínico»; «7 Regionalismo: Brasil. que ou o que leva uma vida dissoluta; libertino, devasso, obsceno.»
Penso que os educadores do filho do consulente estão a considerar a acepção 7 de safado, que se mantém, talvez de forma atenuada, em safadinho. Penso também que toda a palavra tem o seu contexto: safadinho, entre familiares, ou cacetinho, no Nordeste ou em Portugal, podem ser termos inocentes; mas proferidos em Brasília, diante de um grupo de deputados, ou à frente do prefeito de São Paulo, calculo que se tornem palavras inadequadas ou sujeitas a más interpretações. Dito de outro jeito: se, numa comunidade linguística alargada, há palavras que são tabu no grupo A mas que o não são no grupo B, talvez valha a pena um membro de B ser prudente com certas expressões do seu dialecto, entre elementos de A. Isto não impede que os elementos de A saibam interessar-se pelo dialecto de B. Além disso, não sei que expectativas tem a escola do seu filho quando intervém por causa do emprego de safadinho. Mas se, no meio em que a escola se insere, a palavra em causa for considerada menos própria para ser usada entre crianças, é natural que os educadores intervenham para evitar usos linguísticos de intenção agressiva, como seja o insulto.