Toda a preparação de qualquer acontecimento implica, naturalmente, um ato que ocorre antes do acontecimento, em que se estrutura a organização e os preparativos que tornam possível essa ocorrência.
Por sua vez, o adjetivo prévio(a) designa «dito ou feito antecipadamente; antecipado; preliminar» (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, 2004).
Portanto, não parece haver dúvida de que a expressão «preparação prévia» seja uma redundância, pois os dois termos encerram a ideia de antecipação, de anterioridade.
No entanto, não podemos deixar de assinalar que o emprego dessa expressão num determinado discurso transparece a necessidade do seu emissor em evidenciar o cuidado e a preocupação (marcas de responsabilização e de profissionalismo) que houve em não fazer tudo à pressa, de modo a prever atempadamente todas as circunstâncias possíveis. Como todos sabemos, há casos em que a preparação de qualquer evento é feita quase “em cima do acontecimento”, realidade que pouco corresponde à sua caraterização como prévia.1
Nota: Repare-se que as duas palavras — preparação (do latim preparatiōne-, “preparação”) e prévio (do latim praevĭu-, “que vem adiante”) — têm em comum o elemento pre- (do latim prae-, “pre ou pré”), «que exprime a ideia de anterioridade (no tempo e no espaço)» (cf. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado).
1 Não é de excluir a influência da locução verbal inglesa «to plan ahead» (sugestão do consultor Luciano Eduardo de Oliveira), que também é encarada como semanticamente redundante, embora justificável em certos contextos (cf. artigo em inglês Tautology, na Wikipédia).