De acordo com a Nova Gramática do Português Contemporâneo (págs. 314-316), de Celso Cunha e Lindley Cintra, nas locuções verbais em que o verbo principal está no infinitivo pode ocorrer sempre a ênclise ao infinitivo, conforme «O João veio defender-me» ou «Só quero preveni-lo dessa situação». A próclise ao verbo auxiliar pode surgir quando ocorrem as condições exigidas para a antecipação do pronome a um só verbo, isto é:
a) quando uma palavra negativa precede uma locução verbal, sem pausa: «Isso não se pode calcular.»
b) em orações que comecem por pronomes e advérbios interrogativos: «Em que lhe posso ser útil?»
c) nas orações introduzidas por palavras exclamativas e nas que exprimem desejo: «Como se vinha trabalhando mal!»
d) nas orações subordinadas: «O livro que me vai dar será muito útil para a minha tese.»
A ênclise ocorre ao verbo auxiliar, quando não se verificam as condições que aconselham a próclise: «Ia-me esquecendo dela.»
Assim, penso que a posição correcta do clítico é enclítica, ou seja, depois do verbo: «Faça as suas compras antecipadamente, para que depois só tenha de preocupar-se com o jantar.»
Note-se, porém, que alguns auxiliares, como ter de ou acabar de, permitem a próclise do pronome ao verbo principal: «... para que depois só tenha de se preocupar com o jantar.» Neste caso, a preposição de comporta-se com se introduzisse uma oração de infinitivo: «Teve vontade de a chamar.»