Como é possível ver nas Respostas Anteriores (cf. Espoletar/despoletar, Despoletar, de novo) e no Pelourinho, os problemas ligados ao(s) significado(s) desses dois verbos já foram amplamente discutidos, pelo que me vou abster de o fazer. A pergunta é «há alguma explicação histórica ou linguística para o mau uso da palavra despoletar?» e é sobre ela que me vou debruçar.
Há talvez um aspecto ainda não referido, que também pode ser causa de toda esta confusão: a semelhança fonética entre ambas as formas (espoletar e despoletar).
Acresce ainda que muitas vezes, em Português, surge um des- sem o significado habitual de «acção contrária»: por exemplo, a palavra «destrocar» usa-se habitualmente, não no sentido de «não trocar» mas antes de «trocar».
Exemplo: «Importa-se de me destrocar esta nota?»
Este prefixo é tão produtivo que chega a aparecer até sem razão aparente ou motivação puramente linguística, funcionando como um elemento protético. Isto não significa que a forma correcta seja aquela em que o des- está presente, mas leva-nos a pensar que, de facto, este sufixo tem características muito particulares...