A prezada consulente apresenta-nos duas questões às quais passamos a responder:
1.ª Porque não deveria ser por que?
Para evidenciarmos o que nos oferece dizer, apresentamos esta questão em diálogos possíveis.
Suponhamos uma conversa entre um vendedor e um cliente.
Vendedor: – Já viu este modelo? Porque não (vai) experimentá-lo?
Cliente: – Não vou experimentá-lo, porque este modelo não me agrada.
O cliente explicou a causa da sua atitude numa frase ou oração subordinada causal (porque este modelo não me agrada).
Daqui podemos concluir que o advérbio interrogativo porque usado na pergunta está bem aplicado.
Eis outro exemplo:
Vendedor: – Já viu este modelo? Por que razão (ou por que motivo) não vai experimentá-lo?
Neste caso, por que é equivalente a por qual. A pergunta é introduzida por uma preposição e um pronome interrogativo adjunto pedido pelos substantivos razão, motivo ou outros equivalentes.
Poderíamos ainda encontrar a seguinte pergunta:
Vendedor: – Por que motivo está em dúvida? Por que não (vai) experimentá-lo?
Neste caso, a segunda pergunta subentende a palavra motivo e equivale a «Por que motivo não vai experimentá-lo?».
Conclusão
Quando fazemos a pergunta usando apenas uma forma verbal, devemos utilizar o advérbio interrogativo porque.
Quando fazemos a pergunta procurando saber o motivo, a razão ou equivalente, devemos usar a preposição por e os pronomes interrogativos que, qual ou quais.
2.ª «Não experimentá-lo» não deveria ser «não o experimentar»?
Qualquer uma destas formas é possível. Depende do estilo ou da opção pessoal do falante. Além disso, os pronomes pessoais colocados depois dos verbos são mais frequentes na oralidade. É uma marca da vivacidade do discurso, importante na publicidade.
Na estrofe LXXXIII do Canto IX de “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, há os seguintes versos:
«Melhor é experimentá-lo que julgá-lo,
Mas julgue-o quem não puder experimentá-lo.»
Há, portanto, uma interferência literária neste anúncio que muito o valoriza.
«Porque» não experimentá-lo?” é uma pergunta muito forte, que impressiona principalmente aqueles que não usam esta estrutura frásica.
N.E. – Este anúncio, assim como toda a publicidade inserida no Ciberdúvidas, é da inteira responsabilidade (e proveito) do SAPO.