É possível que o jornalista não gostasse da expressão por uma questão de estilo ou, então, por dela fazer uma interpretação literal. De facto, de entre os muitos significados de pôr, o primeiro é colocar e, na sua forma reflexa, colocar-se, que, seguido da preposição em, poderia originar o comentário que refere.
No entanto, no Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Sociedade de Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, lê-se a seguinte observação, a propósito do verbo pôr: «O verbo pôr, sob a forma reflexa, ou pronominal, e seguido de certos substantivos, regidos da preposição a, com ou em, equivale aos verbos derivados de radicais desses substantivos com uma significação incoativa: pôr-se aos brados, começar a bradar, pôr-se aos gritos, começar a gritar, pôr-se com justificações, começar a justificar-se; pôr-se em lamúria, começar a lamuriar-se».
E, a esta lista de exemplos, poder-se-ia acrescentar a expressão em causa: pôr-se em fuga, começar a fugir. Não parece, pois, que o jornalista tivesse razão na observação que fazia.