No português de Portugal, as sequências gráficas on- (onda, ponte) e om- (bomba), que ocorrem antes de consoante, correspondem sempre a um o nasal fechado (uma vogal nasal média arredondada, de acordo com o Dicionário Terminológico). No entanto, sabe-se que nos dialetos portugueses setentrionais essas vogais podem ser pronunciadas com o timbre mais aberto e até como vogais orais seguidas de um segmento consonântico, o que permite que ponte possa soar como "pónte", ou com o nasal aberto, ou com o oral aberto seguido de segmento consonântico nasal.1 Quanto a Barcelona, também o padrão é com o oral fechado, mas não é de excluir que, dialetalmente, tal vogal tenha o timbre mais aberto.
1 Conforme observam Maria João Freitas, Celeste Rodrigues, Teresa Costa e Adelina Castelo, em Os Sons Que Estão dentro das Palavras (Lisboa, Edições Colibri/Associação de Professores de Português, 2012, págs. 164/165), «[a]lgumas vogais nasais dos dialetos setentrionais apresentam-se mais abertas do que as correspondentes do dialeto-padrão. Isso não acontece com as vogais altas [ĩ] e [ũ], que têm um grau de fechamento estável na língua. Porém a vogal [ɐ̃] do padrão, embora exista nos dialetos setentrionais, nesses dialetos costuma ocorrer em variação com duas outras formas: i) como vogal baixa recuada nasal [ã], ii) como vogal oral seguida por uma coda (consonântica) nasal: antiga [an.tí.gɐ], campo [kám.pu], canga [káŋ.gɐ], ou seja, com uma coda com o ponto de articulação da consoante seguinte. [ɛ̃] e [ɔ̃] podem surgir como resultado da abertura de [ẽ] e [õ] (dentro [dɛ̃tɾu], ontem [ˈɔ̃tɐ̃j]) e também têm sido por vezes transcritos com codas nasais.»