Vamos assumir, antes de mais, que a pequena burguesia é diferente da média burguesia, como o 2.º ciclo é diferente do 3.º ciclo, ou seja, que estamos a associar, por coordenação copulativa, dois grupos nominais em que o nome que serve de núcleo é o mesmo e se repete, pelo menos de forma subjacente. O que temos, de facto, é a pequena burguesia e a média burguesia.
O que aconteceu na expressão «a pequena e a média burguesia»? A meu ver, por uma questão de economia, foi a elisão, ou a não-repetição, da palavra burguesia, núcleo de um dos grupos nominais que estão a ser ligados. Pode fazer-se este tipo de construção? Sim!
E na expressão «as pequena e média burguesias», que fenómeno está presente? Temos dois adjectivos, pequena e média, a impor uma concordância plural a um nome e ao seu determinante! É possível? É, sim! Dizem-no-lo os nomes de todas as escolas que por esse país fora se chamam «Escola dos 2.º e 3.º ciclos…». Diz-no-lo o título da nova Terminologia para os Ensinos Básico e Secundário. Dizem-no-lo exemplos sem fim retirados da literatura, da comunicação social, de abonações registadas em dicionários, etc. Como se explica? Provavelmente fazendo apelo ao conhecimento que temos do mundo, que nos permite reconhecer as duas realidades subjacentes nas expressões em apreço.
Em síntese, poderei dizer-lhe que o que é mais comum é dizer-se «as pequena e média burguesias», ou «os 2.º e 3.º ciclos», embora a outra construção seja igualmente, parece-me, aceitável.