O Dicionário Houaiss regista a expressão pesar embora nas seguintes construções:
1. «ainda que tal coisa custe ou doa a» — «estamos indo bem, pese embora aos catastrofistas de plantão»
2. «apesar de, a despeito de» — «restabeleceu-se, pesem embora os maus-tratos recebidos»
Trata-se de uma expressão que é de certo modo fixa, mas que permite a sua articulação com outras frases, porque constitui uma oração concessiva. O verbo é sempre pesar, que pode ser usado como transitivo indirecto, como na frase 1, ou como intransitivo, a concordar com um sujeito expresso, como se vê em 2. Esta construção vem também descrita no Novo Dicionário Lello Estrutural, Estilístico e Sintáctico da Língua Portuguesa, de Énio Ramalho.
A presença de embora, que é hoje uma conjunção concessiva, é neste caso arcaísmo e deve ser interpretada ainda como a aglutinação da expressão «em boa hora», tão característica do português do séc. XVI e já usada nesta fase com esse valor concessivo. Não há, portanto, redundância, no uso de pese embora.