O contexto ainda não está completo, para que se entenda qual é o tópico aí abordado. Felizmente, encontra-se acessível em linha, permitindo-me a citação do seguinte extracto:
«Ali quase ao virar de esquina, outro espaço de referência espera por nós. É a real Casa de Linhares, célebre também por outro apodo, o da casa anterior, Bacalhau de Molho. É um luxo sóbrio, palaciano, nas fundações de um edifício renascentista que ruiu no terramoto de 1755, tão inerente à história lusitana que Luís de Camões, parente dos condes de Linhares, aqui viveu. Sem sinais de kitsch fadista, um pé-alto de sete metros, tectos em abóbada, colunas de pedra, tem uma década de história e é gerido por Pedro Guerra e Manuel Bastos [...].»
Ora bem, a palavra em questão, "pé-alto", deve referir-se, ao que parece, à altura das paredes da divisão de uma casa, mas acontece que os dicionários não a consignam, registando, em vez disso, pé-direito. Por exemplo, o dicionário da Academia das Ciências de Lisboa define pé-direito como «altura do pavimento ao tecto» e «suporte sobre o qual assenta um arco, uma abóbada ou uma armação de madeira». Sobre a origem deste termo, existe uma resposta no arquivo do Ciberdúvidas, e encontra-se uma tentativa de etimologia nas páginas da revista Mundo Estranho.
Sei, no entanto, que, pelo menos, em Portugal, há quem use coloquialmente a expressão «pé de altura», para referir a mesma noção. Não admira, portanto, que, substituindo altura pelo adjectivo correspondente, alto, também se tenha criado o composto "pé-alto", que, como já disse, não tem ainda registo lexicográfico, nem parece ter sido acolhido pela norma.