Se tivermos em conta que onze se encontra registado pelos dicionários, assim como no Portal da Língua Portuguesa (da responsabilidade do ILTEC), como um nome/substantivo masculino — da gíria do futebol, para designar «equipa convocada para um jogo» (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora) —, este termo comporta-se como qualquer outro substantivo/nome, o que lhe permite a flexão no plural1. Por isso, no contexto do futebol, e uma vez que designa uma equipa, sempre que há referência a mais do que uma equipa, a forma correta é precisamente:
«Os onzes são constituídos» (= «As equipas são constituídas»).
À primeira vista, pode parecer estranha a flexão de onze, vulgarmente conhecido como um numeral cardinal (classificação da gramática tradicional2), o que o torna invariável3 (tal como a grande maioria dos numerais cardinais). Por isso, importa lembrar que os numerais cardinais (ou quantificadores numerais ) são usados para «designar uma quantidade certa de pessoas ou coisas, caso em que acompanham um substantivo à semelhança dos adjetivos», recaindo a flexão no substantivo a que se referem.
Exemplo: «Os onze alunos fizeram todas as atividades.»
O mesmo se passa nas frases em que se omite o substantivo (casos de elipse do nome/substantivo), estando implícito o valor do numeral, como na frase seguinte: «Os onze [alunos] fizeram o trabalho.»
Trata-se, portanto, de casos diferentes do emprego de onze. Enquanto substantivo/nome (= «equipa de futebol»), onze é flexionado em número; como numeral cardinal (quantificador numeral) não é flexionado, mantém-se invariável.
1 O Portal da Língua Portuguesa regista o seguinte: «onze – nome masculino; singular: onze; plural: onzes.»
2 Segundo a atual terminologia, os numerais cardinais são quantificadores numerais (Dicionário Terminológico).
3 É de referir que só os numerais cardinais «milhão, bilião (ou bilhão), trilhão, etc. é que se comportam como substantivos/nomes e variam em número» (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 17.ª ed., Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 368), sendo «os outros cardinais invariáveis» (idem).