Na primeira citação, quando se diz que «rr equivale a uma consoante», não se trata de ortografia, mas, sim, da análise silábica de uma palavra tendo por suporte a sua representação ortográfica – embora, para este fim, também se possa recorrer a uma transcrição fonética: [´ka.Ru], [´pa.sɐ.ru]. A segunda citação refere-se apenas às regras de translineação, estas, sim, pertencentes à norma ortográfica (cf. Acordo Ortográfico de 1945, Base XLVIII e Acordo Ortográfico de 1990, Base XX).
Se pretende fazer um exercício de contagem de sílabas, pode fazer a seguinte representação, que nada tem que ver diretamente com a ortografia:
pá.ssa.ro1
Neste caso, em que se apresenta a forma ortográfica, não se separa o ss, porque o que interessa é representar a organização dos segmentos fónicos em sílabas, e este dígrafo corresponde a um único segmento (daí o [s] da transcrição fonética).
Contudo, quando se trata de translineação, o dígrafo ss tem de ser separado:
pás-
saro
1 Pode usar também o hífen (pá-ssa-ro), mas este tem a desvantagem de trazer alguma confusão, porque já é aplicado à translineação; o uso de pontos parece mais vantajoso porque nos poupa de tais equívocos. Reconheça-se que a fonte de confusões advém do facto de nos próprios acordos ortográficos a expressão «divisão silábica» significar na verdade partição de sílabas ortográficas para fins de translineação.