O verbo cheirar pode ser pessoal ou impessoal:
1) «A comida cheira bem» (pessoal, porque tem sujeito).
2) «Cheira-me bem» (impessoal, porque não tem sujeito).
É curioso verificar que algumas das fontes consultadas (Dicionário Houaiss, Dicionário Universal Gramatical de Verbos Portugueses) não descrevem a estrutura em 2. É no Dicionário Sintáctico de Verbos Portugueses, de Winfried Busse (Coimbra, Editora Almedina, 1995), que encontramos a indicação de que o verbo cheirar pode ser usado sem sujeito, como outros verbos seguidos de preposição:
«Cheira aí mal debaixo das escadas.»
«Cheira-me a queimado.»
«Neste quarto cheira a mofo.»
Este comportamento, em que um verbo se torna impessoal, é atribuído por Celso Cunha e Lindley Cintra (Nova Gramática do Português Contemporâneo, 1984, pág. 443) a «certos verbos que indicam necessidade, conveniência ou sensações, quando regidos de preposição em frases do tipo:
Basta de provocações!
Chega de lamúrias.
Dói-me do lado esquerdo.»