O português é uma língua de sujeito nulo, ou seja, admite sujeitos sem realização lexical, ao contrário de línguas como o inglês, cujo sujeito é obrigatoriamente expresso, nem que seja por sujeito expletivo (elemento estilístico de puro realce, sem conteúdo semântico), como ocorre em português, em frases populares como: «Ele choveu que se farta.» «Ele» é um sujeito expletivo e «se» (invariável) é um sujeito indeterminado, ambos absorvem o caso nominativo e não têm função semântica, pois, como é sabido, chover é um verbo impessoal e defectivo, ou seja, não apresenta todas as formas do paradigma verbal (*chovi, *choveste, etc.), a não ser num sentido metafórico, restrito ao uso poético.
Relativamente aos verbos que mencionou, geralmente não são impessoais,1 a posição de sujeito pode ser preenchida (sublinhado). Vejamos:
(i) «Onde lhe doía (a perna)?»/«Onde lhe doíam (as costas)?»
«Aqui, na parte de cima (da perna/das costas).»
(ii) «(Ele) coça-me na palma direita, e eles coçam-me na palma esquerda.»
(iii) «Cheirava a café na casa toda, a sério, a casa toda cheirava a café, e alguns dos compartimentos cheiravam a canela.»
Todas as orações acima têm sujeito, contudo, este não é expresso, mas, como pode observar (a negrito), o verbo mantém a concordância em pessoa e número com o sujeito omisso.
1 N.E.: Há, no entanto, certos usos impessoais (ver Textos Relacionados).