Todas as palavras têm uma identidade (classe gramatical, significado, etc.), no entanto, podem, pontualmente, assumir outros valores sintáctico-semânticos, não perdendo a sua identidade.
A título de exemplo, observem-se os verbos transitivos escrever e beber, que apresentam, em determinados contextos, um comportamento intransitivo:
(1) «O João escreve.» (= é escritor)
(2) «O João bebe.» (= bebe álcool)
Ora, o valor intransitivo que estes verbos assumem nestas construções não anula a sua identidade como transitivos.
O mesmo acontece com a conjunção adversativa mas. O seu valor semântico é, sem dúvida, de oposição. No entanto, nada impede que, em determinados contextos, a mesma assuma um valor aditivo, tornando-se uma conjunção copulativa, como é o caso: «eu gosto de chocolate, mas você gosta de sorvete» significa o mesmo que «eu gosto de chocolate e você gosta de sorvete».