Na frase em questão, o pronome o (que ocorre sob a forma -lo, depois de infinitivo) tem a função de predicativo do sujeito.
Celso Cunha e Lindley Cintra (Nova Gramática do Português Contemporâneo, 1984, pp. 340/341) referem-se a o também como pronome demonstrativo que «exerce as funções de objecto directo ou de predicativo, referindo-se a um substantivo, a um adjectivo, ao sentido geral de uma frase ou de um termo dela»; exemplos (ibidem):
1 – «O valor de uma desilusão, sabia-o ela» (Miguel Torga, Novos Contos da Montanha).
2 – «Não cuides que não era sincero, era-o» (Machado de Assis, Obra Completa).
3 – «Seguia-a com o olhar sem me atrever a evitá-lo» (Arnaldo Santos, Prosas).
4 – «Ser feliz é o que importa,/Não importa como o ser!» (Fernando Pessoa, Quadras ao Gosto Popular, n.º 82).
Em 1 e 3, o pronome o tem a função de complemento direto. Em 2 e 4, ocorre como predicativo do sujeito, ou seja, da mesma maneira que se verifica na frase que motivou a pergunta da consulente.