No âmbito dos sufixos, importa distinguir os que são derivacionais, e que permitem a formação de novas palavras, dos flexionais, que permitem identificar e atribuir sentido às diferentes formas que uma palavra simples pode adotar.
Os sufixos – com maior rigor, afixos, uma vez que a vogal temática assume uma posição de interfixo e não de sufixo – que permitem identificar a forma do verbo doer como verbo no infinitivo são indicadores do tema do verbo, afixo, ou interfixo, -e-, e do modo infinitivo, afixo -r.
No caso de doer, não há, pelo menos não conheço, sufixos que constituam, a partir do verbo, outras palavras além das várias formas verbais, na sua flexão, mas se, em vez de nos restringirmos aos sufixos, pensarmos também em prefixos, temos uma palavra derivada em condoer, que é uma palavra nova, construída com a intervenção de um prefixo derivacional.
Em síntese, embora sejam identificáveis dois afixos em doer, tal facto não dá origem a uma palavra derivada, uma vez que se trata de afixos flexionais, sendo o verbo doer uma palavra simples.