A frase em apreço, correspondente a dois versos do poema D. Sebastião, Rei de Portugal, de Fernando Pessoa, Mensagem, é bastante interessante, pois toda ela está construída de forma a destacar, ou realçar, determinados elementos. O grande destaque é a expressão «minha loucura», complemento directo do verbo tomar, que, para além de estar deslocada para o início, surge explicitada duas vezes através do pronome pessoal em forma de complemento directo a em «a tomem» e pelo pronome pessoal em forma oblíqua ela em «nela».
A frase «outros que tomem a minha loucura», ou «que outros tomem a minha loucura» é uma frase optativa, que veicula um desejo do emissor. Uma das coisas que caracterizam estas frases é terem uma conjunção que (ou um complementador, como lhe chama Inês Duarte na Gramática da Língua Portuguesa, de Mira Mateus e outras, pág. 485), a qual pode vir antes do sujeito ou entre este e o verbo. Tem ainda a característica de não estabelecer nenhuma relação entre duas frases. Este facto leva outros autores a considerar este que um conector textual, ou seja, um vocábulo suprafrásico, analisável no âmbito do texto e não no da frase. Do ponto de vista da gramática tradicional, estamos perante um que expletivo.