Por senso comum, poderia responder-lhe, simplesmente, que a razão é a mesma que faz que os textos jornalísticos usem em maior número todas as outras características da língua portuguesa, excepto, talvez, o imperativo, que tão bem se encaixa no texto publicitário: o texto jornalístico existe em maior quantidade e recorre a um maior número de palavras e frases do que o texto publicitário.
No entanto — e sem tecer juízos de valor sobre o uso, por vezes excessivo, do gerúndio em textos jornalísticos —, creio que o texto jornalístico e o texto publicitário têm, entre outras, uma diferença clara: este vive de frases curtas, quase sempre simples, incisivas. O texto jornalístico, mais descritivo, recorre a frases mais longas, muitas vezes complexas e com ocorrência de relações de subordinação entre si. Ora, o uso do gerúndio é uma forma de construir frases complexas, podendo, em alguns contextos, economizar palavras, o que, eventualmente, leva os jornalistas a usarem-no em detrimento de outras formas mais diversificadas.