Tudo depende da tradição criada em cada língua a respeito da palavra subentendida pelas letras quando se usam sozinhas: «la (letra) A» (castelhano) vs. «o (som/sinal) A» (português). Com efeito, ao contrário do espanhol, que subentende sempre a palavra letra, o português segue o francês ao atribuir o género masculino aos nomes das letras, subentendendo a palavra som ou sinal, ou outra equivalente do género masculino: o a, o b, o c; cf. francês — «le a, le b».1 Assinale-se que na primeira gramática de português, a de Fernão de Oliveira, publicada em 1536, já se usa, por um lado, a expressão «letra d» e, por outro, «o g», quando se usa apenas o nome da letra.
1 Um pequeno grupo dos nomes das letras já foi do género feminino: f, h, l, m, n, r, s, x (ver Genre des Lettres). No italiano (ver sítio da Accademia della Crusca), há oscilações que dependem da palavra que se possa subentender (o feminino lettera, «letra», ou os masculinos suono e segno, respectivamente, «som» e «signo»).