O acento diferencial, como deve saber, é o acento circunflexo que se usa, no e e no o, para distinguir timbres vocálicos, como, por exemplo, em pêlo, contraposto a pelo, contracção prepositiva, e pélo, com e aberto, do verbo pelar, ou pôde e pode. Este acento, actualmente com pouco uso (desde o acordo ortográfico de 1945), foi muito usado no âmbito do anterior acordo luso-brasileiro (1931), que distinguia todos os homógrafos (p. ex., tôda e toda, nome de uma ave). A sua utilidade é assim hoje muito restrita, pois são inúmeros os casos em que só o uso ensina se um e se pronuncia aberto (é) ou fechado (ê).
N. E. (10/01/2016) – Com a aplicação do Acordo Ortográfico de 1990, pêlo passa a pelo, perdendo o acento diferencial, mas este mantém-se em pôde (o fechado), que assim continua a distinguir-se de pode (o aberto). Note-se que o novo AO reduz ainda mais o número de casos em que se usa o acento diferencial, conforme o disposto na sua Base IX, 9: «Prescinde-se, quer do acento agudo, quer do circunflexo, para distinguir palavras paroxítonas que, tendo respectivamente vogal tónica/tônica aberta ou fechada, são homógrafas de palavras proclíticas. Assim, deixam de se distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão de parar, e para, preposição; pela(s) (é), substantivo e flexão de pelar, e pela(s), combinação de per e la(s); pelo (é), flexão de pelar, pelo(s) (é), substantivo ou combinação de per e lo(s); polo(s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de por e lo(s); etc.» Contudo, como se disse, é mantido o acento circunflexo de pôde [Base IX, 6 a)]: «[Assinala-se com acento circunflexo,] [o]brigatoriamente, pôde (3.ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo), que se distingue da correspondente forma do presente do indicativo (pode) [...].» Sobre a redução do número de grafias com acento diferencial, ler também a secção "Sistema de acentuação gráfica" (ponto 4.1. "Em casos de homografia") da Nota Explicativa ao AO (anexo II da legislação portuguesa).