Os termos microestrutura e macroestrutura referem-se a perspectivas sobre o funcionamento de determinadas estruturas ou sistemas. Tal como a etimologia dos prefixos destes termos indica (macro-, «grande», e micro-, «pequeno»), digamos que o ponto de vista macroestrutural visa a organização de grandes estruturas, enquanto o ponto de vista microestrutural foca sistemas mais pequenos com certa autonomia de funcionamento. O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define assim os termos em causa:
microestrutura: «estrutura que, embora pertencendo a uma estrutura mais vasta, apresenta regularidades específicas e uma organização que lhe garante relativa autonomia de funcionamento»;
macroestrutura: «estrutura de grandes dimensões que engloba estruturas menores ou muitos elementos».
Em relação a um texto, apresento-lhe algumas passagens dos artigos que o Dicionário de Narratologia dedica a cada um desses termos:
macroestrutura: «conceito teórico introduzido por Van Dijk no domínio linguístico para descrever a estrutura semântica global de um texto: "A macroestrutura de um texto é [...] uma representação abstracta da estrutura global de significado de um texto" (1978:55). É justamente ao nível macroestrutural que se coloca o problema da coerência global de um texto. Trata-se, pois, de uma noção que define em termos teóricos o sentido global do texto intuitivamente apreendido.»
microestrutura: «A microestrutura textual é o conjunto formado pelas frases que integram a superfície textual linear. [...] É a este nível que operam os códigos estilísticos, responsáveis pela ordenação da corência de curto raio de acção, também chamada coerência linear (...). Quando em narratologia se fala de registos de discurso (...), está-se justamente a discriminar um nível de análise microestrutural, nível esse que, entretanto, carece normalmente de ser articulado com componentes de indidência macroestrutural (...).»