Os termos cuja interpretação e cujo relacionamento nos são solicitados não têm um sentido uniforme, pois são utilizados em teorias diversas, para designar realidades nem sempre coincidentes. Além disso, não encontrámos referência aos termos microtexto e macrotexto a não ser em páginas “on-line”. A resposta que segue é fruto da análise de alguma bibliografia, eventualmente dispersa.
Na Gramática de Língua Portuguesa, de Mário Vilela, fala-se de microestruturas textuais e de macroestruturas textuais. Acerca destas, afirma o autor que elas se «situam no domínio cognitivo, no domínio semântico: é uma configuração da conexão global do texto, o seu sentido textual», pág. 448. E continua: «Macroestrutura é pois um conceito relativo, uma estrutura global em relação a outras estruturas menores…», pág. 449. Embora o autor não defina explicitamente microestruturas, parece-me lógico depreender que se trate das estruturas menores que, em conjunto, constituem as macroestruturas.
De uma forma simplista, podemos inferir que as macroestruturas textuais se relacionam com o texto, ao permitirem a formulação de uma ideia global, mas também com aspectos exteriores, associados ao mundo real, enquanto as microestruturas, constituindo unidades em si próprias, se articulam por forma a tornar coesa a macroestrutura.
Por seu lado, a coerência textual, ou conectividade textual, é, segundo Inês Duarte na Gramática da Língua Portuguesa, Mira Mateus e outras, Lisboa, Editorial Caminho, 5.ª edição, «…um factor de textualidade que resulta da interacção entre os elementos cognitivos apresentados pelas ocorrências textuais e o nosso conhecimento do mundo», pág.115, ao passo que a coesão textual é constituída por «Todos os processos de sequencialização que asseguram (ou tornam recuperável) uma ligação linguística significativa entre os elementos que ocorrem na superfície textual…», pág. 89.
Em síntese, partindo das definições apresentadas acima, parece poder concluir-se alguma proximidade entre macroestrutura textual e coerência, dado que ambos os conceitos apelam para aspectos cognitivos, e talvez culturais, associados ao mundo real. Do mesmo modo se configura alguma proximidade entre microestrutura textual e coesão textual, pois ambos os conceitos contribuem para a construção de uma globalidade inteligível.