1. Rebelo Gonçalves (RG) em 1966 já recomendava que o concelho se grafasse Meda, sem acento. Não foi o novo Acordo Ortográfico (AO) que fez perder o acento à palavra.
2. Não há nada no novo AO que recuse o acento em Côa. Côa, forma verbal e substantivo, com acento, aparece registado em RG e está taxativamente imposto na norma que ainda vigora em Portugal. O acento destina-se a distinguir côa de coa, uma palavra antiga formada pela preposição com e pelo determinante a, forma que até já nem aparece nalguns dicionários.
Não se pode negar a legitimidade do registo côa no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras (VOLP PB). O que se lastima é que os legisladores do novo AO não tenham tido a coragem de retirar o acento em côa, como fizeram em pólo. Lastima-se também que no VOLP PB não tenha havido a coragem de fazer com côa o que fez com pêra e pêro, palavras às quais a Academia Brasileira de Letras retirou os acentos (que existiam para se distinguirem de formas arcaicas), não obstante também não figurarem, como côa, no texto do novo AO.
Por aqui se vê como são precisas orientações claras para a elaboração do vocabulário ortográfico do português europeu, actualizado para o novo AO. Orientações que usem bom senso: tenham em consideração o VOLP PB, mas sejam adequadas ao português europeu; respeitem a herança linguística, mas se centralizem nos utentes da língua dos nossos dias.