A conjunção mas, no exemplo dado pela consulente, tem valor de advérbio, e «usa-se para corroborar o que a pessoa acabou de dizer» (cf. Dicionário Eletrônico Houaiss). Tal como no seguinte exemplo: «A moça deixou-o impressionado, mas muito impressionado» (idem).
O uso da vírgula antes de mas, neste tipo de construção em que a palavra vem marcar a repetição, a intensificação e o reforço da ideia que se pretende veicular, acaba por ser o mesmo de qualquer estrutura adversativa («a moça deixou-o impressionado, mas ele soube disfarçar as suas emoções»). No entanto, quando se trata, como é o caso, da repetição de um advérbio, a expressão que marca o processo de intensificação parece ficar interpolada, o que legitima a sua colocação entre vírgulas: «tão, mas tão, confusa» (ou entre travessões: «estou tão – mas tão – confusa»).
Observe-se, porém, que, com advérbios neste tipo de construção, nem sempre se usam vírgulas, tal como se ilustra na seguinte passagem de José Cardoso Pires, em que o advérbio muito modifica o advérbio mais:
«Ouvisse o que ouvisse, o desdenhoso passarão não se descosia. Só muito mas muito mais tarde é que ele voltou a pronunciar-se, e então com toda a alma» (José Cardoso Pires, A República dos Corvos, 1999, in Corpus do Português).
Sendo assim, a sequência «muito mas muito mais tarde» não se afigura incorreta, mesmo que possa aparecer mais adequado «muito, mas muito, mais tarde». Conforme este exemplo, poderia também escrever-se «estou tão mas tão confusa».