O Dicionário de Termos Médicos de Manuel Freitas e Costa acolhe a forma mal oclusão, que tem por sinónimo o termo anaraxia.
Trata-se de uma forma que, do ponto de vista ortográfico e morfológico, não parece recomendável, uma vez que, se a sua formação tem por modelo a palavra malformação ou malfeitoria, o lógico seria "maloclusão". Mas mesmo esta última forma não é satisfatória, porque, como o Dicionário Houaiss indica, são raros as substantivos que integrem o prefixo mal- e que não sejam derivados de adjectivos ou de verbos: por exemplo, malfeitoria deriva de malfeitor, e malogro, de malograr («mal lograr).
O caso de malformação é explicado ou por derivação do verbo malformar — ou seja, seguindo a tendência de malfeitoria e malogro —, ou pelo uso de mal em lugar de má (malformação < «má formação»). Se assim é, "maloclusão" teria por origem «mal (= má) oclusão», porque não a podemos derivar de *malocluso ou de *malocluir, que não se encontram atestados.
Por outro lado, considerando que só devemos criar palavras compostas quando elas trazem um novo conceito, seria de aceitar que «má oclusão» é que é a expressão correcta, em que o adjectivo é aplicado de acordo com a linguagem usual, opondo-se a «boa oclusão».
Com a expressão em apreço não se cria, portanto, um novo conceito, porque apenas se faz referência à qualidade da oclusão. Deste modo, não é necessário o hífen.
Em suma, constata-se que entre médicos se usa "maloclusão" (forma preferível a mal oclusão), apesar de se tratar de um uso discutível. No entanto, não parece incorrecto usar «má oclusão», sem hífen, pelos motivos atrás apontados.