Tradicionalmente, em Portugal, condena-se o gerúndio com função conjuncional. Na frase em apreço, «João emigrou para Marrocos aos 19 anos, tendo-se convertido ao islamismo aos 23», a locução verbal «tendo-se convertido» pode substituir-se mais correctamente por: «e converteu-se». Se a sua dúvida é haver ou não hífen, a próclise neste caso não é habitual em Portugal.
Note, porém, que a forma composta do gerúndio, com valor adverbial, é perfeitamente legítima quando exprime uma acção anterior. Por exemplo, já seria correcto escrever: «Tendo emigrado para Marrocos aos 19 anos, o João converteu-se ao islamismo aos 23.»
Há mesmo autores que defendem a aceitação do gerúndio simples antecedido, nalguns destes casos, de acção anterior: «Ligando o projector, o apresentador começou logo a falar.»
Finalmente, já lá vai o tempo do horror à tendorreia (abuso do gerúndio). Lá porque nós dizemos «estou a cantar», e os irmãos brasileiros dizerem «estou cantando», isso não pode ser considerado um erro, pois o uso do gerúndio ainda é dialectal em muitas regiões de Portugal. Aliás, quando nos perguntam como estamos de saúde, ninguém responde «vou a andar», mas o profundamente simbólico «vou andando» (enquanto se «vem andando», já não é mau, o problema é quando se cai à cama…).
Apreciemos as ricas variantes da nossa língua, muitas delas que os nossos corajosos ancestrais "foram deixando", por onde passaram.
Diferenças neste texto para o novo acordo
Termos para Portugal: corretamente, correto, projetor, dialetal, ação.
Para o Brasil: Sem alteração.
NOTA: as duplas grafias não implicam alterações obrigatórias na escrita.