A adjectivação é, na realidade, um recurso estilístico que sobressai na frase que nos apresenta, não somente pela presença de vários adjectivos — «cobertos», «espessa», «solitária», «selvagem» e «centenários» — e pelo facto de haver três adjectivos («espessa», «solitária», «selvagem») para caracterizarem a realidade que aí é valorizada, a da floresta, mas também pela posição diferenciada desses adjectivos em relação aos substantivos, uma vez que só um adjectivo ocorre antes da palavra que qualifica — «uma espessa floresta» —, enquanto «cobertos», «solitária», «selvagem» e «centenários» são posteriores aos nomes («lugares… todos cobertos», «floresta espessa e solitária», «carvalhos e castanheiros centenários»).
Ora, a posição do adjectivo qualificativo em relação ao substantivo é, segundo Rodrigues Lapa, em Estilística da Língua Portuguesa, «um facto importante de estilo» (p. 140), o que o levou a enunciar «esta regra de estilo português: quando o adjectivo está logo depois do substantivo, tende a conservar o valor próprio, objectivo intelectual; quando está antes, tende a embrandecer-se, adquirindo matização afectiva. Assim, "uma rapariga bela" pode não ser "uma bela rapariga", porque a primeira se distingue pela beleza física; a segunda, pela beleza moral» (idem, pp. 140-141).
Por outro lado, a nível da sintaxe (figuras de sintaxe), encontramos o polissíndeto («o emprego reiterado de conjunções coordenativas, especialmente das aditivas, e») nas expressões «solitária e selvagem» e na enumeração das árvores «carvalhos e castanheiros», a partir do qual a expressão adquire fluidez, sugerindo movimento.
Consideramos importante, também, a referência à aliteração, pela «repetição eufónica de fonemas/sons sibilantes, nasais e alguns fricativos («Antigamente estes lugares estavam todos cobertos por uma espessa floresta solitária e selvagem […] só restam alguns carvalhos e castanheiros centenários que ainda vês neste parque»), que sugeriam os sons vários do universo referido.