Segundo o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, a palavra rudimento deriva «do latim rudimentum, “aprendizagem, princípios, ensaios, exercícios"», sentidos com que ocorre no séc. XVII, num excerto de Sermões I, de Padre António Vieira: «as obras da natureza são rudimentos dos mistérios da graça.»
Relativamente à origem do verbo deixar, têm-se levantado algumas dúvidas, atribuindo-se-lhe frequentemente relação com leixar. Segundo a fonte citada, deixar «corresponde ao castelhano dejar, ao catalão dexar, ao provençal ocidental dexa, ao siciliano dassari, e ao alto-italiano dassa», esclarecendo, também, que «tudo leva a crer na coexistência de laxare- "daxare", sem que se possa, de maneira concreta, afirmar o que era a segunda forma em relação à primeira. Esta relação deve-se ao facto de «o antigo português leixar assentar no latim laxare, "estender, alargar, diminuir, atenuar, prolongar o tempo, distender, relaxar, dar repouso"». Enquanto deixar aparece no séc. XIV, no Livro de Falcoaria, de Pero Menino («quando se derramar ou se deixar de voar»), embora já houvesse registo de dexa, de dexar, que remonta a 1209, em Leges et Consuetidines – «se ella dexare seu marido, seja deseredada». Por sua vez, leixar «já se documenta em 1091 em Diplomata et Chartae: Et non leixe te pro alia mulier», tendo esta forma chegado ao séc. XIV – «e se os Portugueses se prezassem della como das armas, leixariam escrituras de mores façanhas que os Hebreos de incredulidades» – e, no séc. XVII, era já considerado vocábulo antigo por Rodrigues Lobo, em Corte na Aldeia («E ao que dizeis das palavras antigas, posto que em algum tempo fossem boas, não o ficam sendo na parte em que se perdeu o uso dela: pois… esse só é fundamento e razão das palavras: e assim não diremos leixou, trouve, dixe, ca, sicais, acram, leidisse, e outros vocábulos de que usaram autores gravíssimos…»), o que não coincide com a opinião de Duarte Nunes de Leão, que não regista leixar «entre os os vocábulos antigos portugueses que se achão em escripturas, & sua interpretação (cap. XVII da sua Origem da Língua Portuguesa, 1600), sinal de que, no seu tempo, continuava em uso. Concluindo: José Pedro Machado considera que o verbo leixar «não parece divergente de deixar pela falta de formas intermediárias entre deaixar e deeixar».
Por último, em relação a curar, a etimologia deste verbo remete para o latim «curāre, “ter cuidados com, cuidar de, ocupar-se de, vigiar; mandar executar qualquer coisa, vigiar a execução; preocupar-se com; fazer o necessário, ocupar-se, encarregar-se de assunto oficial, administrar"». Portanto, no âmbito da medicina, esse verbo está relacionado com o valor de tratar, ao passo que, no domínio comercial, lhe é atribuído o valor de pagar, mandar pagar (uma quantia). Note-se que, no séc. XIII, um texto de D. Dinis regista essa forma verbal: «sera / Hu foy sempre e o esta, / E de uos non curo ren.»