É verdade que não se traduzem nomes próprios, mas transliteram-se, nos casos em que o alfabeto da língua de origem não é o alfabeto latino (como é o caso do árabe, do grego, ou do russo). Ora, tal não acontece com o castelhano, com o catalão, com o galego, com o francês, com o italiano, com o inglês, com o alemão, etc. — cujo sistema de escrita é, precisamente, o alfabeto latino. Nomes próprios nestas línguas permanecem inalterados em português. É também errado dizer que escrevemos Espanha com <nh> em vez de com <ñ> para que a pronúncia seja a mesma, já que esse dígrafo representa o resultado de um fenómeno fonético que se dá na passagem do latim para o português, designado por palatização (Hispania > Espanha), fenómeno verificado em castelhano e representado por <ñ> (Hispania > España). Espanha não é, portanto, o aportuguesamento de España.
Tal como acontece com a palavra Hispania, existem outras palavras que sofrem palatalização na sua evolução; Guilherme Ribeiro, em Apontamentos sobre a História da Evolução da Língua, apresenta os seguintes exemplos:
1. L + I ou E (com valor de semivogal) sofre palatalização em LH:
(a) filiu > filyu > filho
(b) palea > palya > palha
(c) consiliu > consilyu > conselho
2. N + I ou E (com valor de semivogal) sofre palatalização em NH:
(a) ciconia > ciconya > cegonha
(b) teneo > tenyo > tenho
(c) verecundia > verecunya > vergonha
(d) linea > linya > linha
(e) seniore > senyor > senhor
(f) aranea > aranya > aranha
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