Em primeiro lugar, devemos ter em conta que este tipo de figura de estilo/linguagem é, geralmente, usada intencionalmente por um sujeito poético ou por um narrador em texto literário para criar determinada imagem e sugerir outros sentidos que se esbateriam com a palavra correta.
Ora, estas frases são do uso comum, fugindo a segunda à norma da língua-padrão. Não estando integradas num texto, não nos parece que tenha havido qualquer intenção do emissor em alterar o advérbio pelo adjetivo com determinada finalidade.
Há, de facto, a troca de classe de palavras, o que nos poderia levar a pensar na possível presença de enálage (do gr. enallage), a «figura que consiste na troca de classe gramatical, género, número, caso, pessoa, modo ou voz de uma palavra por outra classe, género, número, etc. (Sebastião Cherubim, Dicionário de Figuras de Linguagem, São Paulo, Liv. Pioneira Editora, 1973, p. 31). Mas que valor expressivo é que o adjetivo afinado sugere na frase «cantar afinado»?