Embora seja comum ouvir-se, essa não é uma expressão idiomática, pois não consta em nenhum dos dicionários específicos desse tipo de frases/expressões (Dicionário de Frases Feitas, de Orlando Neves; Dicionário de Expressões Populares Portuguesas, de Guilherme Augusto Simões; Dicionário Prático de Locuções e Expressões Correntes, de Emanuel Correia e Persília Teixeira; Dicionário de Expressões Correntes, de Orlando Neves).
Portanto, é uma frase que tem de ser analisada, tendo em conta as duas opções apresentadas.
Quando se dá a alguém o estatuto de «santo», isso significa que se lhe atribuem qualidades extraordinárias que o distinguem do comum dos mortais, pela conduta exemplar, pela bondade e pela pureza, pela isenção de culpa, mas, sobretudo, pela capacidade de abnegação, de amor ao próximo e de se sacrificar em prol dos outros. Virtudes invulgares que o levam a «sofrer e a suportar com paciência alguém» — significado do verbo aturar (Michaelis: Dicionário da Língua Portuguesa). Na frase apresentada, um homem — um «ele» — é, hiperbolicamente, caracterizado como «santo», e tal qualificação está intimamente relacionada com a sua capacidade de «aturar» uma determinada mulher, que aqui surge representada pelo pronome a.
Ora, se se utilizar a preposição por — «ele é santo por a aturar» —, está implícita a ideia de causa, valorizando-se a razão pela qual é atribuído ao sujeito o atributo de «santo». Essa frase seria equivalente a «ele é santo devido ao fa{#c|}to de a aturar» ou «ele é santo por causa de a aturar». Diremos que se trata de uma oração adverbial causal.
Por sua vez, se se disser «ele é santo para a aturar», a frase também é legítima, porque, neste caso, cria-se um sentido que conjuga os valores de finalidade e de consequência da propriedade referida por santo. A preposição para tem o valor de «propósito», «intenção», «intuito de», «com finalidade de», mas também pode assumir um valor consecutivo, quando ocorre com expressões ou palavras que intensificam uma qualidade, por exemplo, «ele é mais do que inteligente para não fazer isso», que aceita a paráfrase por uma estrutura consecutiva: «ele é tão inteligente, que não fará isso». Considerando que santo é interpretável como o mesmo que «pessoa muito boa», «pessoa exemplar», é, pois, legítimo aceitar a frase «ele é um santo para a aturar», desde que a parafraseemos como «ele é um santo, de tal maneira, que a atura».