A frase não está correta, porque o verbo considerar não tem predicativo do complemento direto introduzido por preposição de.1 A frase gramatical corresponde, portanto, a «o Sr. Governador considerou a visita positiva», e não a «...considerou "de" positiva».
Observe-se que o verbo considerar é um verbo transitivo predicativo, ou seja, requer um complemento direto e um predicativo do complemento direto. O predicativo do complemento direto não é, regra geral, introduzido por uma preposição:
(a) O júri considerou as propostas interessantes.
(b) O juiz declarou o réu inocente.
(c) A teimosia da Clara tornou a conversa impossível.
(d) Este creme deixa a pela macia.
(e) O Tiago acha a colega inteligente.
Nos exemplos (a)-(e), verifica-se que os vários verbos transitivos predicativos (considerar, declarar, tornar, deixar, achar) estão associados a um complemento direto («considerou as propostas...», «declarou o réu...», «tornou a conversa...», «deixa a pele...», «acha a colega...») e a um predicativo do complemento direto sem preposição («considerou... interessantes», «declarou... inocente», «tornou...impossível», «deixa... macia», «acha... inteligente»).
Observe-se, no entanto, que considerar admite um predicativo do complemento direto introduzido por como: «Considero-o como o primeiro dos precursores do espírito moderno» (Antero de Quental, citado por Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 1984, p. 147). Contudo, não é possível juntar a conjunção como ao predicativo do complemento direto, quando este é realizado por um grupo adjetival (ver Dicionário Gramatical de Verbos Portugueses, coordenado por J. Malaca Casteleiro, Lisboa, Texto Editores, 2007): *«Considero este pensador "como interessante".»
Na frase que está incorreta, o uso agramatical de considerar com preposição de parece ocorrer por analogia (ilegítima) com chamar, verbo cujo predicativo do complemento direto pode ser introduzido pela preposição de:
(f) Em casa, chamam-no de Kiko.
O uso ilustrado em (f) está correto (ver Celso Cunha e Lindley Cintra, idem, p. 518).
Resta-nos agradecer os cumprimentos ao Ciberdúvidas.