Nota. – Deve-se dizer concordância do verbo em vez de concordância do predicado. E agora vejamos as seguintes frases:
(a) Nenhum mal, nenhuma catástrofe, nenhum desastre podia perturbar a sua austeridade e rigor de conduta.
(b) O mal, a catástrofe, o desastre não podiam perturbar a sua austeridade e rigor de conduta.
Segundo a «Novíssima Gramática da Língua Portuguesa» (26.ª ed., p. 279) de Domingos Paschoal Cegalla, brasileira e muito boa, quando o sujeito é composto, «é lícito (mas não obrigatório) deixar o verbo no singular», «quando os núcleos do sujeito formam sequência gradativa». É o que se dá mais ou menos na frase (a). Há alguma sequência gradativa em «...mal... catástrofe... desastre...». Digo «alguma», porque, se catástrofe mostra grau mais elevado do que mal, desastre pode não ter grau mais elevado do que catástrofe.
A esta doutrina acrescento o seguinte:
O determinante nenhum dá relevo ao singular mal, ao singular catástrofe e ao singular desastre. Esta ideia de singularidade é ainda reforçada por fazermos uma pausa grande em cada um destes substantivos, quando lemos a frase. Daqui, o emprego do verbo no singular e o ser preferível empregarmo-lo no singular.
Na frase (b), não há algum nem a pausa longa a evidenciar a singularidade. Por isso não aceitamos o verbo no singular.