A frase que o consulente indica tem dois sujeitos unidos pela locução comparativa «bem como»: «O envolvimento dos docentes» e «bem como a dedicação da escola». Como o segundo elemento está separado por pausas (vírgulas), o verbo concorda só com o primeiro elemento e fica no singular — tem. No entanto, com sujeitos articulados pela referida locução, pode acontecer que o verbo ocorra no plural.
Celso Cunha e Lindley Cintra, na Gramática do Português Contemporâneo (1984: 511/512), propõem alguns critérios para a concordância com este tipo de construções:
«Quando dois sujeitos estão unidos por uma das conjunções comparativas como, assim como, bem como [sublinhado nosso] e equivalentes, a concordância depende da interpretação que dermos ao conjunto:
Assim, o verbo concordará:
a) Com o primeiro sujeito, se quisermos destacá-lo:
O nome, como o corpo, é nós também. (Vergílio Ferreira, Aparição, 20.)
O dólar, como a girafa, não existe. (Carlos Drummond de Andrade, Fala, Amendoeira, 89.)
Neste caso, a conjunção conserva pleno o seu valor comparativo; e o segundo termo vem enunciado entre pausas, que se marcam, na escrita, por vírgulas.
b) Com os dois englobadamente (isto é: o verbo irá para o plural), se os considerarmos termos que se adicionam, que se reforçam, interpretação que normalmente damos, por exemplo, a estruturas correlativas do tipo tanto... como:
É inútil acrescentar que tanto ele como eu esperamos que você nos dê sempre notícias. (Ribero Couto, Cabocla, 202.)
[...] Entre os sujeitos não há pausa; logo não devem ser separados, na escrita, por vírgula. De modo semelhante se comportam os sujeitos ligados por uma série aditiva enfática (não só... mas [senão ou como] também):
Qualquer se persuadirá de que não só nação mas também o príncipe estariam pobres. (Alexandre Herculano, História de Portugal, III, 303.)»